quinta-feira, 3 de julho de 2008

Subindo os Andes: Marcapata (3100m) - Km 117 (4600m)















O dia tinha que começar cedo para passarmos em uma temperatura suportável pela "Abra", o ponto mais alto da estrada. Acordamos às 6h, mas só tivemos coragem pra sair da cama às 7h. Tava muito frio. A ponta dos dedos já estavam dando umas formigadas, mesmo com luva. Mandamos outro Arroz com frango e saímos as 9h pra mais um dia exclusivo de subida.


Chegamos por volta das 10h15m num posto de controle da Rodovia Interoceânica, onde nós, e qualquer outro veículo, fomos impedidos de passar até o meio-dia. Tentamos autorização para passar, falando por rádio com um engenheiro brasileiro responsável pela obra. Perdendo esse tempo dificilmente passaríamos pela "Abra" antes do anoitecer, e frio preocupava devido à altitude. Ele nos disse que estavam dinamitando pedras pelo caminho, e era muito perigosa nossa passagem pela estrada naquele momento. Contudo, nos garantiu que saindo ao meio-dia era perfeitamente possível vencer os 12km de pura subida até o topo, e que de lá era só uma grande descida até o próximo povoado. Acreditamos nele, e seguimos.
No caminho foram surgindo várias informações desencontradas sobre a real distância e tempo necessários para alcançar a Abra. No final das contas, descobrimos às 17h30m, que a Abra estava ainda 5 km acima, e havia por ali somente alguns povoados Quéchuas bem tradicionais, que não falavam espanhol, e nem iam com a nossa cara. O frio tava apertando, e não havia nenhum sítio plano e seco para acampar fora da estrada.

Por sorte, mais acima chegamos a um posto de obras da rodovia, que iria funcionar toda a noite. Lá, aproveitamos para esquentar nossos pés ao calor do gerador de iluminação, e levantar acampamento. Conhecemos uns funcionários da obra, que estavam de vigias a noite toda, e nos deram uma super força, oferecendo até um lanche quente pra gente durante a noite. Um deles chegou ao cúmulo de colocar uma mega-pedra atrás da nossa barraca com uma escavadeira, para que os caminhões da obra não nos oferecesse perigo. Que noite fria! Segundo os funcionários da empresa atingiu 10 graus negativos, o suficiente para dar uma pane no meu ciclocomputador e zerar o odômetro. Foi a primeira noite da viagem em que adormeci com os pés gelados.