Depois da noite gelada, saímos pra enfrentar os 5km que nos separavam da parte mais alta da estrada. Foi necessário uma hora de subida em meio as alpacas e lhamas para atingir os picos nevados, a exatos 4748m de altitude. Com uma caminhadinha simbólica era possível tocar a neve dos gigantes. Um visual muito bonito. Mais bonito ainda era saber que dali pra frente era só a longa descida prometida, que começou com uma estrada de terra batida e logo se transformou em um asfalto novinho em folha. Ao todo foram cerca de 4 horas descendo sem parar, passando por várias vilas peruanas bem tradicionais.
A mudança de ambiente após o cume foi abrupta. Finalmente havíamos acabado de atravessar o divisor entre a Amazônia e a Puna peruana. A cordilheira nevada ao fundo dava especial beleza àquela paisagem. Como nem tudo era beleza, a descida foi bem desgastante. Era impossível passar dos 40km/h devido ao frio. O vento estava muito seco e o sol muito forte, maltratando muito a boca, que logo se encheu de feridas, e os olhos que ficaram bem ressecados e irritados.
Depois de passarmos por Ocongate, ao final da longa descida, começou uma inesperada e interminável subida, por povoados onde mais uma vez não nos sentimos muito à vontade. Já bem cansados, e desconfortáveis com as indesejosas recepções ao longo do caminho, onde éramos "gentilmente" chamados de "GRINGOOOOS!", paramos no primeiro hotel que encontramos no povoado de Ccatcca para um repouso necessário.