sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Bagageiro dianteiro

Inicialmente pretendia fazer esta viagem somente com alforges traseiros, mas depois de ouvir algumas pessoas acabei mudando de idéia. Além de mais espaço para distribuir os equipamentos e mantimentos necessários, ja que desejava ter uma boa autonomia, a bagagem dianteira deixaria a pedalada mais confortável, já que a bike fica mais estável, sem parecer um "cavalo chucro" querendo empinar. Além disso, não queria abrir mão de viajar com a suspensão, apesar de desaconselhado por algumas pessoas. Assim, por não encontrar no mercado uma peça que atendesse as minhas necessidades, fui atrás de um bom serralheiro.

Seguindo a idéia do bagageiro traseiro, a intenção era fazer 2 quadrados laterais à roda dianteira para a acomodação dos alforges, sem que estes tocassem nos raios. Juntamente com o serralheiro, e utilizando restos de ferro que haviam na serralheria, fizemos toda a peça.

Inicialmente, fizemos uma estrutura central em forma de "U" invertido, preso na parte inferior das canelas da suspensão por duas abraçadeiras, e na parte superior por um parafuso central preso ao orifício onde ficavam presos os modelos antigos de freio (nas suspensões atuais esse buraco não existe mais, aliás nem esse nem os do V-Break!).

Em seguida fizemos outra estrutura em "U", que soldado na parte superior, constituía a parte frontal do bagageiro, e as partes superiores dos quadrados laterais. Estes foram então fechados, sendo posteriormente prolonagados para fixarem melhor os alforges, e foi feito uma grelha na parte superior (entre os quadrados), algo inexistente nos bagageiros dianteiros comerciais. Pronto!

O serralheiro fez isso em uns 30 minutos, e me cobrou somente 20 reais por tudo. A peça ficou bem resistente, e os únicos problemas que tive, foi a solda da abraçadeira direita que quebrou numa estrada com muitas costelas de vaca (resolvido com um arame amarrando a canela da suspensão e a barra de fixação central do bagageiro, até sua ressolda 2 dias depois) e a falta de acabamento na parte superior, que por falta de uma boa limada começou a rasgar as fitas de sustentação dos alforges.

Assim pude viajar tranqüilamente com a bagagem dianteira, sem interferir no trabalho da suspensão. O único detalhe, é que para colocar e tirar a peça, é necessário retirar um dos lados do V-Break.

Bagageiro traseiro

O primeiro problema que tive quando começei a fazer viagens em bicicleta foi com o bagageiro, já que o quadro da minha bicicleta (GT Avalanche) não possui adaptação para tal. Isso me obrigou a fazer adaptações em etapas, após cada viagem, para melhorar o equipamento. A garupa que utilizo é dessas de ferro bem comum, que ao contrário das de alumínio, são mais pesadas porém muito mais baratas e resistentes. Além disso, caso quebrem podem ser consertadas facilmente, já que é possível arrumar um serralheiro em qualquer aglomerado urbano.

Muitas pessoas que possuem quadro com a mesma limitação, costumam prendê-lo diretamente ao eixo da roda traseira, o que traz 2 incovenientes: deixa a garupa vinculada à roda traseira (se furar o pneu você terá que gastar muito mais tempo tendo que tirar e recolocar a garupa), e corre sério risco de empenar o eixo traseiro. Assim para tornar a garupa traseira independente da roda, fiz duas abraçadeiras também em ferro (pedaços de cano cortados) que coloquei na parte inferior do quadro (em verde). Com essas abraçadeiras é possível utilizar parafusos bem grossos e resistentes para a fixação.

Com essa adaptação a garupa acabou ficando mais alta, e mais para frente, fazendo com que meu calcanhar raspasse nos alforges. Para contornar esse problema, fiz 2 alterações no Bagageiro: diminui sua altura (serrando e soldando as barras laterais) e fiz uma projeção traseira para acomodar melhor a bagagem. É importante que a lateral do bagageiro tenha um formato mais ou menos quadrado, para fixar melhor os alforges, e impedí-los de tocarem nos raios.

Para a fixação superior, além de utilizar uma abraçadeira comum de bicicletas unindo o canote à garupa, soldei nesta um ferro extra com um parafuso na ponta, para sua fixação diretamente no quadro atrás do V-Break. Somando tudo, essas adaptações me custaram em torno de R$ 30 reais.

Apesar de ter feito essa viagem com bastante e peso e em estradas de terra bem esburacadas não tive qualquer problema, nem mesmo com parafusos quebrados.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Rota das Lagunas - Mapas e dicas do pedal

Pra quem estiver interessado em fazer a rota das lagunas (passando pela Laguna Colorada, Laguna Blanca e Vulcão Lincancabur) de bicicleta, deixo aqui um roteiro esquemático de como fiz entre Uyuni e Hito Cajone na Bolívia.




A rota das lagunas é realmente delicada. Fizemos em 4 pessoas, sem GPS, mas com uma carta militar, um mapa esquemático (acima) e mapas normais (que não ajudaram muito). De qualquer jeito, as rotas são bem marcadas no chão pelos 4X4, e qualquer coisa você pára um deles e pede informações. Mas é bom estudar BEM a rota antes de começar, pois ainda assim no equivocamos por duas vezes durante o caminho (nada que levasse a conseqüências drásticas). No google earth, a rota toda está em boa resolução, e dá pra ter uma boa idéia de como é. Todos os pontos importantes deste trecho, você pode pegar aqui:

Tentem não dormir no mesmo lugar que eu no dia 9. Foi a pior noite da minha vida!!! É muito alto, muito frio, e tem um vento infernal!!!! Quase perdi minha barraca por causa dele. Nesse trecho você passa a 5000m!
Fique bem atento ao planejamento, porque não existe muitas ofertas de comida e água no caminho. Pra fazer a rota, levamos comida e água para 3 dias, de Uyuni até San Juan. Em San Juan compramos comida e pegamos água para 7 dias, até a entrada do Parque Eduardo Avaroa (Laguna Colorada). Lá pegamos uma caixa de comida que enviamos direto de Uyuni por uma empresa de turismo (Licancanbur Turismo, que cobrou 20 doletas pela entrega). Nessa caixa tinha comida pra mais 5 dias, até chegar no pueblo de Jama, na fronteira com a Argentina. Mas se liga que nesse povoado não tem nada, nem hotel. E na alfândega os policiais são muito FDP.
Se preparem mesmo pra pegar muito frio a noite. E pegar MUITO MUITO vento. Cicloturismo nessa rota é perrengue! Mas com preparo é totalmente viável para qualquer cicloturista.
Rola umas ceroulas e umas luvas boas e baratas perto do mercadao de Potosi.
Abraço e boa sorte!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Reta Final do Giro Andino


Passei os últimos dias do Giro Andino em Punta del Diablo, mais uma vez na companhia da Família de León. Fiquei no rancho de praia construído pelo próprio Gustavo de León, que o fez em alguns meses enquanto permanecia acampado no terreno. Lá tive oportunidade de aprender muito sobre mecânica de bicicletas com Pablo, enquanto revisávamos minha bicicleta.

De Punta del Diablo segui com um baita vento contra até Chuy, na fronteira com o Brasil. Apesar de inicialmente ter a intenção de seguir pedalando até Porto Alegre, ao chegar em Chuy percebi que minha jornada tinha chegado ao fim, afinal já havia extrapolado o prazo e o orçamento previsto para o Giro Andino. Além do mais, os atrativos que me motivaram a realizar esta viagem se acabavam na fronteira com o Brasil. Assim, segui diretamente para Porto Alegre, e depois de uma passada em Florianópolis cheguei à Brasília, onde a vida continua, agora um pouco séssil.

Ao fim foram pedalados mais de 4.100 km por 6 países, em 4 meses de viagem. Sucesso total! Sem dúvida, uma das melhores coisas que fiz na vida.

Agora é compilar toda as informações adquiridas nessa viagem e assim que possível, disponibilizar para todo cicloviageiro que queira encarar essa experiência. Fora isso, é começar a pensar no próximo Giro. Onde será…?

Pra finalizar deixo essa charge (clique na imagem para ver ampliado):


Acho que ainda estou muito novo pra falar em meia-idade...

Valeu aí a todos que acompanharam o Blog. Assim que puder, espero escrever outro…

Recomendo essa experiência à todos.
Vamos de bicicleta sempre!!!!!!!!!
Qualquer coisa é só entrar em contato comigo: luizfelipebio@gmail.com

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Uruguai, do campo à praia...




De Buenos Aires segui para a charmosa cidadezinha de El Tigre onde atrevessei de barco o Rio da Prata em direçao Nueva Palmira, na República Oriental do Uruguai, onde comi o maior bife à milenesa da minha vida. O Uruguai sem dúvida foi o país onde fui mais bem recebido até aqui. De Nueva Palmira, a Montevideo foram 3 dias de pedal em meio aos pampas Uruguaios.

O Uruguai é um país bem peculiar para viajar em bicicleta. A maioria das cidades não se encontram à beira das rodovias, mas sim a distancias cerca de 3 km das mesmas, o que me obrigava a carregar mais provisoes durante o dia para evitar perda de tempo com deslocamentos desnecessários.

Em Montevideo fui atrás de Pablo de León, uma pessoa que teoricamente teria uma loja de bicicletas no centro da cidade e também recebia cicloviajeiros. Contudo, ao chegar ao local da bicicletaria, encontrei somente um casarao abandonado. Nenhuma pista de Pablo ou da biciletaria. Desencanei dessa história e fui procurar um hotelzinho barato. No dia seguinte, dando uma volta pelo centro de Montevideo, me chamou a atençao o trabalho de ótima qualidade de um pintor, e parei para conversar com ele. Conversa vai, conversa vem, descubro que estava conversando com Marcelo, o irmao da pessoa que buscava. Ê mundinho pequeno... De pronto me ofereceu hospedagem no seu atelier, e me colocou em contato com Pablo.

Passei um dia com Pablo e conheci sua nova sua bicicletaria, que agora era móvil, e tinha como sede uma bela Kombi creme. É uma bicicletaria à domicilio. No dia seguinte Pablo e seus familiares seguiram para Punta del Diablo, uma praia no litoral norte do País, enquanto eu segui para a casa de Cachi, um amigo de Pablo, que morava numa comunidade localizada no Cerro del Burro, a uns 100km de Montevideo.

Apesar de nunca ter visto Cachi na vida, era como se fosse um velho amigo que não via a muito tempo. Fiquei um dia em sua casa conhecendo um pouco mais da cultura Uruguaia e da vida no Cerro del Burro. Lá pude conhecer também Nico, um amigo de Cachi, e antes de seguir viagem combinamos de nos encontramos alguns dias depois na praia de Valizas.

Saindo do Cerro, passei pela estranha cidade de Punta des Leste. A geografia de sua costa é um capricho da natureza. Nessa punta é que se faz a divisão bem marcada entre as praias do oeste, banhadas pelas águas do Rio da Prata (de agua mais doce e barrenta), e do leste, banhadas pelas águas do Oceano Atlântico (bem verdes e com muitas ondas). Infelizmente a beleza do lugar o condenou a se tornar um reduto de cassinos e resorts de luxo, restringindo minha estadia no local a uma breve pedalada.

Em Valizas, encontrei com Cachi e Nico e nos hospedamos na casa de uma amiga de Cachi, que ficava somente a alguns passos da praia. Apesar do sol forte e do dia limpo, tínhamos que ir de casaco para a praia, já que soprava um vento bem frio. Fiquei uns dias por ali antes de seguir para Punta del Diablo, onde me encotraria novamente com Pablo e sua Família.